pra roer a roupa da cultura

oratoCuritiba ganha uma nova revista mensal de cultura, pra marcar a arte genuinamente curitibana  e ajudar a roer as tribos de Geena que insistem em expor sua mediocridade acima da criatividade. O Rato quer fazer saber que Curitiba não é só Paulo Leminsky ou Dalto Trevisan, mas também Cláudio Kambé, Tiziu, Confraria da Costa, Namorada Belga, Murillo da Rós e há ainda muito mais que vampiros e polaquinhos tomando sangue de boi e outros drinks gelados.

Traz já em sua primeira ediçção uma “batata quente” – a incendiária, explosiva e crítica entrevista com Roberto Amorim, o Beto Batata, um dos mais conhecidos empresários da gastronomia curitibana que, além de excelente chef de cozinha, é um grande incentivador da arte, promovendo todos os anos uma jornada de 24 horas de choro,  junto com o violonista João Egashira, por ocasião do aniversário de Pixinguinha, e outros eventos igualmente importantes.

Traz também “a roupa roída do rato” , destacando uma pergunta de Renato Oliveira, criador do projeto Zé da Venda, que comercializa camisetas com estampas da cultura brasileira: “Por que não vestimos a nossa cultura?Traz uma entrevista com o compositor e cantor carioca Cícero Lins, aquele das “Canções de Apartamento”, ex vocalista da banda Alice, que recentemente fez um show no teatro Paiol, e uma “não-entrevista com um vampiro”. Recheia suas páginas com  obras do genial artista Cláudio Kambé, que, inconformado com  a miséria da mídia, procurou a revista para propor uma campanha inusitada: “Não voto obrigado”. Além dos artistas locais, coloca Siba, Cartola (em uma entrevista do além), sugestões de CDs, filmes e, ainda, uma entrevista com Tiziu, o violonista que revigora as 7 cordas no samba, no choro e em outros estilos.Oroto01

Como disse Beto Batata, “minha esperança é que (….) a revista venha fazer alguma coisa que influencie para o bem, que cutuque, que mexa com os brios das pessoas, porque estamos estagnados, num estado de conformação”, como diria Noam Chomsky.

DVD Arte Nômade de Murillo Da Rós disputa Prêmio da Música Popular Brasileira 2013

O DVD Arte Nômade do violonista e compositor curitibano Murillo Da Rós, com Glauco Solter e Luciano Madalozzo, está entre os pré-selecionados para o Prêmio da Música Brasileira 2013.

Único DVD independente entre os escolhidos e praticamente desconhecido da imprensa nacional, Murillo da Rós disputa com nomes consagrados  da MPB como Ana Carolina, Arnaldo Antunes, Erasmo Carlos, Nação Zumbi, Sorriso Maroto, Vitor e Leo, Zeca Pagodinho, Zeze Di Camargo e Luciano, Adriana Calcanhoto, João Bosco, Jota Quest, Mauro Senise, Roberto Carlos, Ivete Sangalo, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Mas tem mais um detalhe: é um DVD de música instrumental.

Murillo foi selecionado para representar o Brasil no site Ourstage.com que seleciona 80 canções ao redor do mundo (Around The World In 80 Songs) com a música “Málaga” e para quem foi dedicado um artigo extenso e elogioso: “Talvez uma das maiores canções de Murillo seja “Málaga”, uma canção que exemplifica o seu domínio da guitarra, bem como suas habilidades incríveis como compositor. “Málaga” oferece tudo o que constitui a música de Murillo: uma experiência inesquecível, onde nunca deixa de surpreender a música instrumental, e que é atemporal e universal” (Perhaps one of Murillo’s greatest songs is “Malaga”, a song that exemplifies his mastery of the guitar as well as his amazing skills as a composer. “Malaga” offers everything that constitutes Murillo’s music:  “an unforgettable experience where instrumental music never stops surprising” and that is timeless and universal).

Violonista virtuose que mistura o flamenco com a MPB, Murillo tem uma carreira sólida, é super conhecido no Paraná, já tocou com Badi Assad, Gilson Peranzzetta, no Brasil, com  Jorge Pardo, Giuliano Pereira e Flavio Rodrigues, na Espanha, e excursionou por S. Petersburg (Russia) e Roma (Itália), além de ter tocado em várias cidades brasileiras.

A mistura rítmica que Murillo enxerta nas suas composições são como as brincadeiras lépidas de outro gigante do violão: Raphael Rabello. Apesar da forte influência de Paco de Lucia e do jazz, a sua brasilidade não esconde o samba que, lá no fundo, pinça de gingado seus rápidos acordes, sua ágil mão direita, sua limpeza de primoroso concertista erudito.

O som que a gente quer ouvir

da esquerda para a direita, Luciano Madalozzo, Murillo Da Rós, Badi Assad e Glauco Sölter

O que gosto de ouvir, sempre, é a boa música, aquela que arrepia e faz pensar ao mesmo tempo, inebria e faz sonhar, evoca cheiros de poesia. Bom, um pouco disso eu tive durante a Jam Session de Murillo Da Rós e Badi Assad, para o qual ganhei convites.  Murillo Da Rós agradeceu pessoalmente a minha presença durante o show no “I Festival de Jazz & Blues – No Improviso” no Teatro Bom Jesus, em que fez em um duo com a carismática violonista e cantora Badi Assad, no dia 29 de junho, do qual participam também o baixista Glauco Sölter e o percussionista Luciano Madalozzo. E no final, sua esposa e produtora, Renata Zapeloni, me presenteou com um CD e um DVD que não parei de curtir até agora.  O show foi gostoso, inebriante, cheio de improvisos e uma admirável participação de Badi Assad. Por isso, gravamos, Silzi Mossato e eu, um vídeo do qual faço um resumo nesta postagem para uma pequena mostra aos leitores:

Vindo de uma tourné pela Europa, com apresentações na Russia, em São Petersburgo, e em Roma, no Teatro Rossini, Palazzo Santa Chiara, passando pela Espanha, onde gravou um CD com o saxofonista Jorge Pardo, Murillo tem uma agenda cheia de apresentações e que envolvem parcerias com grandes músicos. Já comentei sobre Murillo aqui neste espaço e em outros, como lá no blog do Nassif, então vou falar de Badi Assad, que acabou voltar de uma temporada na Bienal de Dança de Veneza (Itália), junto com o BTCA (Balé do Teatro Castro Alves, Bahia). Foram 3 apresentações de sucesso absoluto, segundo as críticas do jornal La Nuova.

Segundo o site da artista (badiassad.com)  “quando tinha apenas 15 anos Badi dividiu o primeiro lugar como melhor violonista, ao lado de Fábio Zanon, no “Concurso Jovens Instrumentistas’, Rio de Janeiro. Quando completou 19 anos, levou o prémio de melhor violonista Brasileira no ‘Concurso Internacional Villa-Lobos’ no Rio de Janeiro. No ano seguinte Badi foi escolhida como a única violonista para representar o Brasil no ‘Concurso Internacional de Viña Del Mar’, no Chile.

Enquanto os concursos aconteciam Badi foi estudar música na Universidade do Rio de Janeiro – Uni-Rio. Em 1989, gravou seu primeiro álbum, Dança dos Tons, lançado somente no Brasil na época. No entanto, em 2003, o CD foi relançado internacionalmente com quatro faixas bônus, rebatizado de  Dança das Ondas. Em seguida, Badi iniciou experimentações vocais, produzindo sons de percussão com a boca, que foram acrescentados à sua música. Novos e exóticos sons, além de infinitas possibilidades adicionadas à sua já excelente performance no violão. Cedo, ela demonstrou suas excepcionais qualidades em colaboração com outros artistas. Em pouco tempo, Badi apareceu ao lado de grandes músicos como George Benson, Mariza, Bob McFerrin, Hermeto Pascoal e Dave Grusin entre outros.

No entanto, foi somente em 93, quando Badi assinou contrato com o selo Chesky Records, conhecido por ser extremamente exigente musicalmente, que ela ganhou o cenário internacional. Em 94, Solo, seu álbum de estréia no selo, foi lançado nos Estados Unidos, seguido por Rhythms, em 95, e Echoes of Brazil, em 97. A cada lançamento, seu prestígio internacional aumentava. Em 94, a revista Norte-Americana Guitar Player, a escolheu entre os 100 melhores artistas do mundo! Já em 96 a revista Norte-America Classical Guitar considerou-a, junto com artistas como Charlie Hunter, Ben Harper e Tom Morello (do grupo Rage Against The Machine), um dos 10 jovens talentos que mais revolucionariam o uso das guitarras nos anos 90″.

leia mais sobre Badi Assad aqui

Junto com esta dupla de super talentos, é preciso destacar dois outros músicos surpreendentes que os acompanham nesta Jam Session: Luciano Madalozzo, percussionista, e Glauco Sölter, baixista. Os dois acompanham Murillo em vários shows (estiveram nos dois encontros de Murillo com o maestro Gilson Peranzzetta e Luciano tocou nas tournes de São Petesburgo e Roma). Cada um, em separado, serão assuntos para outras postagens neste blog. Mas vou dar uma palhinha sobre o baixista Glauco Sölter.

Terminado aJam Session de Murillo e Badi,  fomos no camarim, Silzi e eu, falar com os músicos. E Glauco me passou, meio escondido, um CD de outro trio do qual participa com os músicos Sérgio Albach (clarinete) e Vina Lacerda (percussão), o Mano a Mano Trio. Formado sem um instrumento harmônico, o trio dá uma sonoridade vigorosa e impactante às músicas que interpreta, que vai de Radamés Gnattali, passando por Paulinho da Viola, Chick Corea, Hermeto e Gismonti, até Guinga e Edu Lobo, além de músicas próprias. Já conhecia o trabalho de Glauco. É até difícil fazer uma lista dos músicos com os quais já tocou. Mas o Mano a Mano Trio me surpreendeu e acho que os leitores desse blog vão gostar também, porque a música que tem nele é a que realmente fala à alma:

Misturinha boa de violão e piano

Murillo Da Rós e Gilson Peranzzetta no Paço da Liberdade

O título acima bem que poderia ser o tema de um chorinho. Mas da música que vou falar, de choro só tem o belo e espontâneo improviso de quando se misturam dois talentos, um virtuoso no violão e outro com dedos mágicos, libertinos descaradamente feliz em brincar com as teclas do piano, como deve ser toda a alegria de quem faz o que gosta. O resultado, para quem vê e ouve é indescritível. Falo do show de Murillo Da Rós (violão) e Gilson Peranzzetta, um mestre do piano, que aconteceu no Paço da Liberdade, em Curitiba, no dia 26 de janeiro.

O show, um reencontro entre Murillo e Gilson (eles tocaram juntos em abril do ano passado no Teatro Paiol), fez parte da programação da 30ª Oficina de Música de Curitiba, um evento que reúne grandes mestres da música brasileira, do erudito ao popular, passando pelo folclore, numa maratona que durou 20 dias.

Saí do Cristo Rei, distante uns 4 km do Paço da Liberdade, para uma caminhada até o local do show, com meia hora de antecedência. O frio e a garoa típica de Curitiba apressaram meus passos. Fui caminhando pela Pe. Germano Mayer até a XV, por onde desci até a praça Santos Andrade, seguindo para a Praça José Borges de Macedo, onde cheguei pontualmente seis horas da tarde, a tempo de entrar no belíssimo prédio da antiga prefeitura – que depois abrigou o Museu Paranaense – e ver o show. Cansado da caminhada, ainda tive o privilégio de entrar pelos fundos e fotografar as mitológicas mãos de Gilson Peranzzetta (explico porque mãos mitológicas em outro post e depois que conseguir autorização do músico, já que trata-se de uma história fantástica e quem me contou, sob olhares desconfiados de Peranzzetta, foi Murillo).

O violonista Murillo Da Rós

Nenhuma das músicas eram inéditas, já foram tocadas pelos dois e por Da Rós no lançamento do CD Fênix, mas a mistura da brasilidade e improvisos de Gilson e do vigoroso flamenco jazzístico de Murillo inovou as peças de forma transcendental. Para minha sorte – e a dos leitores deste blog,obviamente – é que o show foi inteiramente gravado em vídeo que devo postar em breve. Necessário será, inclusive, para que se tenha uma ideia do que foi o show sem os olhos empolgados do blogueiro.

Depois do show, tive uma longa conversa com Murillo, Gilson e a produtora Renata Zarpellon, mas isso também será assunto para uma nova postagem.

Não posso deixar de citar as excelentes performances do percussionista Luciano Madalozzo e do baixista Glauco Solter, que podem ser conferidas no vídeo abaixo.

VÍDEO

Murillo da Rós e Gilson Peranzzetta no Teatro Paiol, em abril de 2011

Murillo Da Rós em trio de violões apresenta Triskle

Murillo Da Rós apresenta-se pela primeira vez em Brasília com o espetáculo Triskle – Violão Trio, acompanhado dos violonistas David Tavares e Juan Tomas Alvarez, do baixista Glauco Solter e do percussionista Luciano Madalozzo.

O violonista paranaense Murillo Da Rós

Juan Tomas Alvarez é um violonista paraguaio radicado em Madri que volta ao Brasil para tocar com Murillo Da Rós. Junto com ele vem também o violonista paranaense radicado na Espanha, David Tavares, que teve como mestre na guitarra flamenca Oscar Luis Herrero.. O concerto, que leva o nome de Triskle, será todo com músicas compostas por Murillo, que prepara dois novos trabalhos em disco. Advindo de tempos imemoriais, “triskle” é um símbolo com três extremos em unidade que evoca criação, renovação e evolução constantes – daí a proposta do espetáculo: equilíbrio criativo e interatividade entre música instrumental brasileira, jazz e flamenco, em que ritmos se entrelaçam sem esmaecer traços nem raízes. Três violonistas têm em comum a paixão pelo instrumento e a certeza de surpreender o público oferecendo um concerto original e envolvente, integrado por canções de Murillo Da Rós, interpretadas e executadas com a participação de David Tavares, Juan Tomas Alvarez, Glauco Solter (baixo acústico) e Luciano Madalozzo (percussão).

Juan Tomas Alvarez, violonista paraguaio radicado em Madri

Violonista  expoente no Brasil e no mundo, Da Rós é também arranjador e compositor. Detentor de uma sonoridade ímpar e diversa que não pode ser enquadrada em rótulo musical definido, mostra como acordes dissonantes característicos do violão do Brasil podem transitar entre a liberdade jazzística e compassos incomuns do flamenco. “A mistura rítmica que Murillo enxerta nas suas composições são como as brincadeiras lépidas de outro gigante do violão: Raphael Rabello. Apesar da forte influência de Paco de Lucia e do jazz, a sua brasilidade não esconde o samba que, lá no fundo, pinça de gingado seus rápidos acordes, sua ágil mão direita, sua limpeza de primoroso concertista erudito.” (Erly Ricci, Jornalista).

David Tavares, há 20 anos na Espanha

As notas de David Tavares transcorrem pacíficas por seu violão, sem sobressaltos. É som com evidente estética brasileira e em sua execução deixa transparecer absoluto domínio técnico e uniformidade. Quase vinte anos radicado na Europa – Espanha, país em que atua com sucesso, o violonista vem ao Brasil para apresentar-se em Triskle. Juan Tomas Alvarez também seguirá viagem especialmente para participar do musical. Residente em Madri, o violonista considerado ícone no estudo da teoria musical por trabalhos autorais publicados, especializou-se no violão brasileiro, no flamenco e em especial, na fusão dos estilos.

Serviço:

Triskle, Violão Trio – dias 16 e 17 de novembro de 2011, 20h, no Teatro da CAIXA DF.

Entrada: R$20 e R$10 (meia).

Classificação Livre.

Teatro da CAIXA: SBS Quadra 4, Edifício Anexo à Matriz da CAIXA. Informações:  (61) 3206-9448.

O violão universal de Murillo Da Rós

Violonista expoente no Brasil e no mundo, Murillo Da Rós é músico, arranjador e compositor. A criatividade de suas composições passa por uma sonoridade ímpar e diversa, não se enquadrando em um rótulo musical definido. Sua música possui um suave equilíbrio, onde todos os ritmos encontram seu lugar ao mesmo tempo e sem perder traços e raízes. Na interpretação de Murillo, a possibilidade de acordes dissonantes característicos do violão do Brasil fluem entre a liberdade jazzística e as rítmicas incomuns do flamenco.

A primeira vez que vi\ouvi Murillo foi dentro de uma igreja construída em 1714, cuja nave tem – como sempre tem a nave das igrejas antigas – uma acústica especial. Era o 19º Festival de Inverno de Antonina em 2009, e Murillo executou as músicas de sua autoria, as mesmas de “Fênix”, show feito em abril deste ano no teatro Paiol, em Curitiba, com o maestro Gilson Peranzzetta. Tinha com ele os músicos convidados: Fabiano Zanin (percussão/flamenco), Marco Koentopp (flauta), Paulo Bettega (baixo) e Ivan Wolkoff (percussão/música indiana).  Mas a maior parte do tempo tocou sozinho e a sonoridade lembrava os concertos de violão flamenco no castelo de Alhambra, em Granada.

A mistura rítmica que Murillo enxerta nas suas composições são como as brincadeiras lépidas de outro gigante do violão: Raphael Rabello. Apesar da forte influência de Paco de Lucia e do jazz, a sua brasilidade não esconde o samba que, lá no fundo, pinça de gingado seus rápidos acordes, sua ágil mão direita, sua limpeza de primoroso concertista erudito. Fez, para minha satisfação total, o melhor trêmulo que a técnica refinada pode fazer, dando ao violão um papel de instrumento completo, feito para dedos múltiplos.